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  • Foto do escritor@paespelomundo

Você conhece um prato português que faz sucesso no litoral do Paraná?

E hoje vamos falar de um prato que se tornou símbolo turístico de três cidades do litoral paranaense... E quem já esteve aqui no Paraná deve saber de que prato estou falando... é claro, o Barreado




Uma mistura de carnes temperadas com cebola, alho, muito cominho e cozida por horas até desmanchar...

A origem da fama do Barreado tem muitas versões 

Esse prato que se tornou típico do litoral paranaense é na verdade de origem portuguesa, lá dos Açores, esse arquipélago autônomo constituído por 9 ilhas pertencente a República de Portugal e que aqui no Brasil migraram principalmente para a região sul...

Os Açores tem descendentes ilustres espalhados pelo mundo, como a cantora Katty Perry com três trisavos açorianos, o ator Tom Hanks que é bisneto de açoriano e a atriz brasileira Lilian Cabral que é filha de açoriana.

Desde 2015 muitos voos lowcost deixaram a viagem para o arquipélago dos Açores mais acessível, sendo um dos destinos preferidos dos portugueses para férias.

foto por @jacmac34 pixabay
Açores - Portugal

Por lá, ainda hoje se encontra o “Cozido nas furnas”, a “alcatra da Ilha” todos pratos que lembram bem o nosso barreado...

Mas voltando ao litoral paranaense...


Foi numa festa popular que acontecia por vários dias, em que os foliões lançavam uns nos outros farinha, baldes de água, e que deu origem ao Carnaval...

Essa festa se chamava “Entrudo” significava começar, anunciar a aproximação da quaresma. Era uma tradição muito antiga, com suas primeiras referências em Portugal datadas de 1252, mas entrou em declínio no Brasil em 1854, por repressão policial, dando lugar ao moderno carnaval.

Como essa era uma festa que durava muitos dias, as mulheres preparavam essa carne (que já era um prato de celebração, comido em datas especiais) então as pessoas aproveitavam a festa, comiam o barreado para dar mais força e voltavam para o entrudo...

E foi a simplicidade na preparação do prato que garantiu que essa receita fosse mantida com os mesmos ingredientes e características lá de 1800.

E O segredo na preparação é o tempo de cozimento na panela de barro – que é de cerca de vinte horas. Depois de cozida, as fibras da carne se soltam resultando em um caldo grosso e super saboroso e com esse gostinho de tempero regional.


O nome Barreado vem da expressão “barrear a panela” com um pirão de farinha de mandioca, para evitar que o vapor escape e o cozido seque depressa. E esse cozimento longo é uma característica de que, mesmo requentado, não perde o sabor original.


Já lá na época do Entrudo (desse carnaval), Cachos de banana eram pendurados na beira dos telhados das casas para serem servidos como sobremesa e hoje também a banana não pode faltar na composição desse prato.


Mas foram estratégias políticas e econômicas que transformam, a partir da década de 1970, a produção e comercialização do Barreado como ferramenta de desenvolvimento regional.

foto por Luiz Rolim - pixabay
Cidade de Morretes

Um desses personagens foi o Orley Antunes de Oliveira Junior que à frente do departamento de turismo da cidade de Morretes, na gestão do prefeito Sebastião Cavagnolli (1989 – 1992), e com base nos restaurantes que já serviam o barreado à época, se dedicou à divulgação do Barreado no Brasil e no exterior.

A partir de 1989 são abertos quinze novos estabelecimentos dedicados ao Barreado, que combinado com passeio de trem passa a ter como destino principal a cidade Morretes, onde as pessoas passam a desembarcar para almoçar nos restaurantes da cidade.


A cidade de Antonina já foi o principal local de degustação dessa iguaria, principalmente por conta da popularidade de Dona Ieda Siedschlag, dona do restaurante Cacoan, uma das promotoras do resgate do Barreado no final da década de 1960 em Antonina e uma das responsáveis pela fama do prato na década seguinte.

Mas a campanha maciça empregada por Morretes, fez a cidade se destacar e ser conhecida com a “Terra do Barreado”, título que mantem até hoje.



O #barreado ganha importância também na culinária paranaense pelo tempo que esse prato vem sendo degustado e mesmo com algumas mudanças feitas depois de exigências da ANVISA sobre o uso da panela de barro, pelas quantidades que agora eram feitas e também para evitar acidentes, esse é um prato que não perde as características culturais do litoral do Paraná.


E assim, o Barreado é uma tradição viva em Antonina, Morretes e Paranaguá, integrando o imaginário de seus habitantes e presente não só no período de carnaval, mas durante todo o ano, agradando turistas que visitam o litoral paranaense de trem ou pela linda estrada da Graciosa imersa na Mata Atlantica.


O barreado é tão importante para a culinária paranaense que existe até mesmo teses de doutorado como a elaborada pela doutora em história MARIA HENRIQUETA SPERANDIO GARCIA GIMENES, que também serviu como fonte para nossa historia de hoje.



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