Asilo

Arrancaram-me da boca as poucas aventuras que eu tinha,
deram-me realidades sem graça,
as quais despedem saudades.
Qual o primeiro sentimento depois do último suspiro?
Gostaria de conhecê-lo
e voltar atrás no momento seguinte
para aproveitar as aventuras todas,
principalmente as que me roubam subitamente.
Ou quem sabe viver para sempre no primeiro momento,
depois daquele último suspiro.
Substituem a passos largos as coisas boas
- Eles não têm critérios!
É Pressa.
Não te perguntam quereres
como quem separa maçãs.
Há sentimento?
Dependerá da hora “H”
ou do morrimento?
Por que não te dizem antes?
Por que insistem em me tomar as coisas?
Em tornar-me?
Deixarei marcas de heroísmo, insistem.
O que resta em mim é um frustrante lamento, lamento.
Lá vem eles novamente,
Roubar-me mais uma vez prazer qualquer.
Deitam-me como se eu não soubesse,
falam coisas como se eu não estivesse,
abandonam-me como se eu não reconhecesse o abandono.
Eles precisam aprender muitas coisas
- Inclusive a livrar-se!
Não há manuais ou literatura.
- Não haverá.
Aprenda quem quiser desde o começo.
O que me preocupa agora
é o que farei com esse quadro que me deixaram?
- Farei?
Pinto duas faixas ou deixo cheio?
Jogo tinta ou pincelo?
Quero que se espantem!
Para através deste sentir-me livre
Outra vez.