Qual o Futuro do Papel? Compensação de Carbono, Mata do Uru e o Turismo Sustentável
- @paespelomundo

- 3 de dez.
- 4 min de leitura
A pergunta sobre o futuro do papel exige muito mais do que a resposta intuitiva de que “a digitalização vai extingui-lo”.

E foi essa a pergunta que não saia da minha cabeça enquanto eu conhecia a Posigraf, uma das maiores gráficas do brasil que fica em Curitiba. Os números são tão grandes quando a fábrica: uma área produtiva de mais de 50.000 m² e uma média de 80 mil livros por ano.
E daí vem o início da resposta e outros questionamentos: quão importante livros físicos são para a educação?
Aqui são algumas causas: o papel reduz distrações; favorece memória transacional (a noção de “onde estava no texto”), além disso o livro em papel é um grande equalizador social: não depende de internet; não exige dispositivo caro; não sofre interferência de algoritmos, não depende de energia elétrica constante. Em contextos de desigualdade — como Brasil, Índia, Peru, África do Sul — isso pode ser decisivo. A leitura em livro físico produz ganhos motores, sensoriais, cognitivos e emocionais favorecem a alfabetização; fortalecem hábitos; cria relação afetiva.

A neurocientista, Marianne Wolf, autora de "Leitor Volte para Casa", argumenta que a leitura profunda em papel cria vínculos emocionais e empáticos. Anne Mangen (Universidade de Stavanger, Noruega), demonstra que a materialidade do livro contribui para engajamento emocional e motivacional. E na UNESCO – Relatórios sobre práticas de leitura destacam que acervos físicos promovem sentimento de pertencimento, identidade cultural e relação afetiva com o hábito de leitura.
Algumas experiências pelo Mundo: Na Noruega, um dos países com educação mais digitalizada, o resultado foi queda de desempenho em leitura e reclamações de professores sobre distração. Em 2023 e 2024, o governo iniciou movimento de revalorização do livro físico, inclusive com políticas públicas para aumentar acervos impressos.
A Suécia digitalizou agressivamente a educação entre 2015 e 2020. Em 2022–2023, viu queda preocupante em habilidades de leitura e escrita. No mesmo ano, a ministra da Educação anunciou mudança nacional: retorno dos livros físicos, menos telas, reforço do ensino estruturado de leitura.
A Coreia do Sul e o Japão possuem altíssima digitalização social, mas continuam investindo fortemente em livros físicos nas escolas. No Japão, há diretriz clara do Ministério da Educação: alfabetização deve ser feita majoritariamente em papel.

Se o futuro da educação continuará em papel, de que papel estamos falando?
Talvez o papel em entender a economia circular e reciclagem, que deixarão de ser um diferencial para se tornar uma obrigação. Iniciativas como estas da Posigraf mostram que o futuro do papel é o agora. Essa também foi a resposta do ambientalista e membro do conselho do grupo Positivo, Giem Guimarães, quando o questionei sobre o futuro do papel: o futuro é o agora.
Isso quer dizer que há uma ressignificação da forma como utilizamos o papel e como compensaremos a natureza por sua produção. Projetos de compensação como a manutenção da Mata do Uru, na cidade da Lapa, interior do Paraná são parte desse processo.
Unidade de Conservação Ambiental, na Mata do Uru já foram vistas 41 variedades de mamíferos; 573 espécies de flora; possui 34 nascentes e 40 rios; em 129 hectares de biodiversidade preservada.
Como por exemplo, a erva-mate, berço da economia paranaense é uma planta nativa da Floresta das Araucárias, beneficiando-se da sombra e umidade proporcionada pelo bioma ali conservado. Além do valor cultural, a erva-mate é apreciada por benefícios como ação estimulante, antioxidante e digestiva.

Na apresentação à imprensa, a Central Press, assessoria do grupo Positivo, apresentou um release interativo e inclusivo, com cheiro da mata, um sachê de erva-mate, descrição em braille, texturas nas fotografias dos pássaros, QR Codes para receitas e entrevistas e o mais importante, a compensação pela utilização do papel. Foi uma representação figurativa da utilização do papel nesse "agora".
Talvez o papel não vai desaparecer, mas ele já mudou de função. Deixa de ser veículo de informação para ser base de bioprodutos, elemento de economia circular.
A Posigraf é a maior indústria gráfica do Brasil e tem grande foco no mercado editorial, especialmente na produção de livros e materiais didáticos para o Grupo Positivo. Aliado as práticas ambientais, a manutenção da Mata do URU desde 2003. Apoio a conservação, a pesquisas cientificas, edução ambiental e turismo sustentável.
O programa Educacional Ambiental já recebeu mais de 5 mil visitantes, iniciativa que busca sensibilizar pessoas sobre a importância da conservação e promover um contato direto com a biodiversidade local.
Em julho 2025, a Posigraf foi reconhecida pela excelência de suas práticas e projetos ambientais ao conquistar quatro troféus no 21º Prêmio Paranaense de Excelência Gráfica Oscar Schrappe Sobrinho, uma das premiações mais relevantes do setor gráfico. O principal destaque foi o troféu na categoria Sustentabilidade Ambiental, conquistado com o projeto que transforma resíduos de toners utilizados na impressão em novos produtos como os tampos de rua (boca de lobo) e bancos de praças.
Da minha parte, conhecer a Mata do Uru foi, sem dúvidas, reafirmar o sentimento de conservação e o diálogo sobre a importância da discussão ambiental dentro do próprio ambiente, na natureza, olhando para a raízes das araucárias, para o diâmetro de seu tronco, o cheiro das folhas molhadas, caminhar pelo imerso pelo verde. Precisamos discutir a Amazônia, dentro da Amazônia, assim como discutir sobre a Mata Atlântica, dentro da Mata.
Não é apenas a definição sobre o futuro do papel, mas tudo que está envolvido. A digitalização pode não ser resposta para tudo, afinal utiliza água, metais, polui. Talvez a definição é: o futuro de tudo é sua utilização de forma sustentável. E esse futuro é o agora!
O que você acha disso?



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